sexta-feira, 3 de março de 2006

O sapateiro e a chinela

Não, não me esqueci que temos um problemazinho ainda por resolver...
Há, em princípio, uma Assembleia Geral marcada. Nunca se sabe mesmo até à hora, não é? Mas, em princípio, haverá uma AG.
Para os mais distraidos, para os "politicamente correctos" e para os que são sensíveis à argumentação da actual direcção e dos seus seguidores (a única que se ouve) chamo a atenção: a forma como, desde a demissão do Presidente Dias da Cunha, todo o processo subsequente tem vindo a ser conduzido é um desastre em toda a linha!
E quero-vos deixar, com toda a sinceridade, um aviso: mesmo que a solução proposta por esta direcção fosse boa (e estamos a anos luz de distância de o saber com rigor), esta gente que teve a arrogância de pensar que poderia vir a dirigir o Sporting Clube de Portugal revela uma total incapacidade para a implementar.
Senão vejamos... Não conseguiram prever uma solução para a AG que permtisse enfrentar as ocorrências imprevistas que tiveram lugar. Não conseguiram conduzir a AG de acordo com os mais elementares princípios de funcionamento democrático. Anunciaram no espaço de poucas horas duas datas para a nova AG. Recuaram, anunciando que afinal optariam pela demissão e por eleições. Recuaram novamente acabando por marcar afinal a AG para 17 de Março, sem que esteja definida sequer, nesta altura e nas circunstâncias particularmente delicadas em que ela vai decorrer, nem a hora nem o local. A confusão é total e o sentimento de insegurança quanto às reais capacidades de toda esta gente para dirigir o Clube cresce à medida que se sucedem novos episódios desta verdadeira telenovela.
Reparem que não estou aqui a falar de questões subjectivas. Não estou a falar, por exemplo, na opacidade, dir-se-ia, deliberada de todo este processo. Nem estou, sequer, a queixar-me do sentimento de enorme revolta que me está a roer desde há muito pela forma verdadeiramente miserável como os cidadãos Sportinguistas e o orgão soberano do Sporting Clube de Portugal que é a Assembleia Geral estão a ser tratados por estes cavalheiros... Disso nem falo! Estou-me a cingir aos factos.
Fosse ele um indivíduo com perfil para ocupar este lugar e Filipe Soares Franco já teria vindo demonstrar, inequivocamente, a todos os associados que tem unhas para tocar esta guitarra. Que o "projecto" que propõe está ao alcance das suas capacidades reais. Ora, se a apreensão era grande quanto à real dimensão destas suas capacidades, agora face aos factos que todos podemos apreciar, é total.
A verdade é que as mudanças de rota e os erros primários cometidos por estes dirigentes são por demais evidentes para que pudéssemos estar tranquilos, mesmo que quiséssemos muito.
Não se iludam: se me meterem um microfone à frente, me puserem maquilhagem, me vestirem com umas gravatas vistosas, arranjarem uma luzes brilhantes, um cenário sugestivo e me derem tempo de antena suficiente, também eu vou à televisão expor as soluções mais mirabolantes para o SCP e causar alguma agitação. A questão que todos levantariam era, muito justamente, a da minha capacidade para as levar à prática.
Analogamente, a questão que está, verdadeiramente, em aberto neste momento é a de saber se, face aos factos concretos que todos podemos constatar, o Grande Projecto de Soares Franco alguma vez poderia ser dirigido... por ele.
O melhor mesmo é que o sapateiro não vá além da chinela...