segunda-feira, 20 de março de 2006

Contas

Uma clarificação relativa ao post que escrevi anteriormente.
Ao propôr analisar a formação real do voto de 6a feira, o que pretendo, de facto, é analisar a realidade "real", perdoem-me o pleonasmo! Não a realidade virtual, que é aquela que toda a gente tem usado como bitola.
Ninguém sabe a quantos associados corresponde, de facto, a votação de 6a feira. Ninguém sabe a quantos sócios de facto corrrespondem aquelas percentagens de 64,54 % de votos a favor e 35,46 % contra. A votação parece-me (parece-me!, mas gostava de ter a certeza!) deturpada pelo método do número votos por número de anos de sócio. Ora, o que se passa é que ter 25 votos não transforma uma pessoa em 25 pessoas... Nem dá, sobretudo, ao Sporting 25 vezes mais "receita" em quotização, em bilheteira, em venda de camisolas, cachecóis, etc, etc!!
O que interessa, pois, saber é o que a maioria das pessoas pensa. Porque as soluções dependem deste apuramento.
Por outro lado, lembremo-lo, há uma esmagadora maioria de gente que nem sequer tem voto no Sporting... Só paga! E só dos seus bolsos pode vir qualquer esperança de alterar a situação das receitas do Sporting (a questão que verdadeiramente nos apoquenta). Os sócios do Sporting não chegam para o tirar da zona vermelha!!! Nem é credível que haja uma campanha de novos sócios que alguma vez venha alterar este estado de coisas. Talvez se os detentores de 25 votos passassem a pagar o privilégio com 25x o valor das quotas, 25x o preço dos bilhetes, ou 25x nos outros produtos, a situação se alterasse! Isso sim, seria um privilégio justo. Agora assim, no quadro deficitário actual, estamos, na minha óptica, perante um método cómodo e barato de deter um estatuto ilegítimo.
Há uma contradição profunda entre o propósito de fazer do SCP um clube abrangente, de aumentar as receitas e quebrar o ciclo deficitário crónico, por um lado, e, por outro, manter certos privilégios que transformam o Clube numa seita exclusiva manipulada por uma minoria. Não estou contra os exclusivismos. Mas, se os queremos teremos de os pagar!
Considero pois este privilégio ilegítimo, porque não ajuda a resolver os problemas com os quais estamos todos confrontados! Antes os agrava.
Há privilégios (que se traduziram nesta "sede de estabilidade" como, apropriadamente, o Raul referiu na sua análise) que estão a arruinar o clube... É preciso que os sócios tenham a noção que também podem fazer parte do problema... Claramente, a política de liderança Sportinguista não resultou porque se tivesse resultado não havia défice.
Desta forma, só vejo uma possibilidade de, no quadro desta "sede de estabilidade", resolver o problema: multiplicar as receitas potenciais pelo número de votos a que os sócios actualmente têm direito...
Ou então acabar com este privilégio e optar, em definitivo, pela solução "um sócio, um voto"!

4 comentários:

  1. Tenho a certeza que os 64% de votos que a direcção teve se devem principalmente aos sócios mais velhos, e também com mais votos. É sabido que os sócios mais velhos estão maioritáriamente com a direcção. Aliás, historicamente estes estão sempre com o poder, porque são mais conformistas e conservadores por natureza.

    Temos já exemplos da importância positiva dos jovens no passado recente do clube. Mesmo com todos os seus defeitos, devemos às claques a conquista dos campeonatos em 2000 e 2002. No final de 1999 as claques forçaram mudanças na estrutura do futebol que levaram à saída de Materazzi e Paulo Abreu. A "malta" sabia o que estava mal no futebol e o seu descontentamento tinha alvos definidos, nomeadamente essa figura sinistra chamada Paulo Abreu. Se Inácio e Luis Duque não têm vindo para o Sporting nunca teríamos ganho aquele campeonato. E se a juventude não protestasse nada teria mudado. É certo que na época seguinte Luis Duque e Inácio estragaram tudo, deixando-se "comprar" por José Veiga...

    Na época 2001/2002 também foram os protestos dos adeptos que forçaram a SAD a fazer qualquer coisa. O "paliativo" de então foi a aquisição de Jardel. E o Sporting, também com uma conjuntura favorável, voltou a ser campeão. Mais uma vez graças ao inconformismo dos sócios mais jovens. Só que na época seguinte, e mais uma vez, José Veiga voltou a "envenenar" o Sporting, desta vez com "episódio" Jardel, da sua autoria.

    O futuro de qualquer clube é a sua juventude. Então no nosso é crucial, porque senão o Sporting vai ser outro Belenenses...

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  2. Não sei qual é a estrutura demográfica da massa associativa Sporting, mas desconfio que dos três grandes, a do nosso clube é a que tem mais peso dos idosos. Isto porque a época em que o Sporting dominou o futebol português foram as décadas de 40 e 50. O Benfica dominou nos anos 60 e 70; na década de 80 houve um equilíbrio entre o Benfica e o Porto; e nos anos 90 tivemos a hegemonia do Porto.

    É portanto normal que a massa associativa do Sporting seja mais "envelhecida" que a dos nossos rivais. Ainda por cima, a atribuição dos votos no Sporting favorece ainda mais os sócios mais velhos que nos outros clubes. No Benfica o n.º máximo de votos são 20, enquanto no Sporting são 25.

    Ora, é evidente que esta situação comporta um risco grave, que é a de, pela natura mais passiva dos sócios mais idosos, se perder a ambição de ganhar, porque estes já assistiram aos maiores êxitos do clube. Um clube envelhecido não tem futuro. Compremete inclusivamente receitas para o futuro, e perde dimensão para os seus rivais.

    É óbvio que esta situação pode (E DEVE) ser invertida com êxitos desportivos, que atraem mais adeptos e sócios para o clube. Mas as direcções do projecto Roquette têm sido incapazes de pôr o clube a vencer consistemente no futebol. Além disso têm desprezado os sócios actuais e não têm manifestado interesse em aumentar o seu número. Talvez porque assim lhes seja mais fácil manterem-se no poder...

    Portanto, a manter-se o actual estado de marasmo no clube, não é só com as finanças que temos de nos preocupar. Está em causa a grandeza do clube, e isso é muito mais importante que um défice de tesouraria.

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  3. Tocaste num "nervo" importante e se calhar a que se deve dar num futuro próximo mais atenção, porque no fundo pode condicionar o surgimento e a aproximação de mais sócios ou simples adeptos.

    É que não é de forma nenhuma justo que, por uma questão de antiguidade, existam diferenças TÃO grandes na altura das votações.

    E sim, também tenho curiosidade em saber que numero nominal está representado nos 64%.

    É que a mim pareceu-me que em termos numéricos as coisas estavam muito divididas, com um pequeno pendor para os "criticos".

    Ora como a solução ÓBVIA para mim (e para ti também) é que o futuro do Sporting só poderá ser assegurada pela participação dos Sportinguistas, e como a politica tem sido beneficiar os mais velhotes, pelo peso eleitoral que detêm, e faltar ao respeito aos restantes, não é de estranhar que tenhamos 29 mil sócios pagantes, o que para um Clube com a nossa implementação é VERGONHOSO... e mais vergonhoso é saber que estes dirigentes não têm como prioridade alterar esse estado de coisas.

    E porquê? Porque o que eles querem é um clube sem sócios, só com carneirinhos a pagar para os "meninos" terem o seu brinquedo.

    PQP!!

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  4. Temos de nos encontrar e conversar todos sobre este e outros temas.

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