sábado, 8 de abril de 2006

Ser ou não ser provinciano

Ainda tentando aguentar-me com o "melão" com que saí do estádio, retomo o tema do escrito anterior, mas agora falando do meu querido Sporting, acabado de ser derrotado e tendo praticamente dito adeus ao título.
Como eu dizia no fim do último escrito "se os outros foram melhores, o que temos de fazer é dar-lhes os parabéns e melhorar para ganharmos na vez seguinte". Foi precisamente isto que Paulo Bento fez no fim do jogo, ao dar os parabéns ao nosso adversário, que ganhou bem, pois foi coeso na defesa não nos deixando entrar e, num jogo com muito poucas oportunidades, conseguiu transformar uma e nós nenhuma (também, digo eu, só tivemos uma, na primeira parte), e que o árbitro não teve influência no resultado.
Sobre o campeonato disse o que toda a gente sabe, isto é, que este ano já lá não vamos.
Mas que (e nisto foi bem secundado pelas declarações de Liedson) temos de continuar a querer ganhar os jogos que faltam, sobretudo porque temos de lutar pela qualificação directa para a Liga dos Campeões.
De facto, o nosso hábito nos últimos anos é esmorecer à beira da praia e, perante uma contrariedade de tomo, como esta é, baixar os braços (como aconteceu o ano passado ao perdermos o último jogo, assim deitando fora a participação directa na LdC).
O nosso treinador, Paulo Bento, teve, pois, o discurso acertado. Mas não só o discurso; também a atitude. De facto, as coisas na segunda parte estavam a correr mal e não conseguíamos penetrar na defesa deles. Um treinador mais conservador e menos ousado poderia "cortar-se" pensando "eles estão melhores que nós, deixa mas é conservar o empate que não nos corta em definitivo as hipóteses". Não foi assim que PB pensou: ao substituir um defesa (Abel) por um avançado (Koke) PB indicou o caminho do futuro. Pois o futuro é lutar com quantas forças temos e com ousadia pelos objectivos que existem, e não contentarmo-nos com o mal menor.
Tenho consciência de que a decisão é muito discutível. É até possível que não tivéssemos comido o golo se ele não a tivesse tomado. Por outro lado, não devemos fazer figura de "velhos do Restelo", sempre prontos a descrer das nossas próprias capacidades.
É por isso que a atitude do nosso treinador contém uma carga simbólica positiva, pois significa que não tememos os adversários e estamos dispostos a atacá-los, assim tentando atingir os nossos objectivos. Se não tentarmos é que não conseguimos de certeza.
Embora, no caso vertente, a coisa não tenha corrido bem, esta não é, certamente, uma atitude provinciana.
Ao contrário da decisão de pôr nos altifalantes do estádio, quando as equipas entraram em campo, a música "Cheira bem, cheira a Lisboa". Dir-me-ão: "é que os portistas têm o complexo de segunda cidade e assim ficam furiosos, logo, diminuídos". Ora eu acho que nem mesmo isto é necessariamente verdade, isto é, não é certo que a coisa seja eficaz quanto aos resultados (e viu-se).
Chateia-me a prosápia da afirmação de superioridade relacionada com um facto arbitrário: o ter-se nascido na Capital (estou à vontade para dizer isto, porque nasci em Lisboa). Mas o que mais me chateia é que se está a combater o pretenso (é certo que por vezes existente) provincianismo do adversário com uma resposta do mesmo teor. Bem sei que quem encetou, há muitos anos, a guerra contra a Capital no meio desportivo, foram os dirigentes do FCP. Mas nunca devemos rebaixar-nos a aceitar como boa essa "guerra", ainda por cima batendo-nos com as armas escolhidas pelo adversário. É que desse modo é-se tão pacóvio como aqueles que se pretende combater.

2 comentários:

  1. Será por ser melancia?
    Verde por fora e vermelho por dentro?
    http://supersporting.blog.com/

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  2. Boa tarde,
    venho por este meio convidar a administração do blog, assim como todos aqueles que estejam interessados, a dar o testemunho acerca destes 100 anos de Sporting.

    Esta iniciativa é um projecto que tenho andado a desenvolver na minha página pessoal que,passo a publicidade, tem o endereço de www.marioventura.web.pt, e no qual gostaria de incluir as vossas opiniões acerca deste centenário.

    Para isso, basta enviarem um e-mail
    para MarioRuiVentura@gmail.com, com o assunto "Testemunho Centenário" e aí escreverem a vossa opinião, desde os episódios marcantes, aqueles jogadores que nunca esquecem, o golo que vos fez acelarar o coração, o jogo que nunca mais conseguiram esquecer, etc. Enviem juntamente
    o vosso nome, idade, localidade e profissão.

    Muito obrigado pela atenção, espero que colaborem em mais uma iniciativa que pode fazer a diferença... afinal, o centenário do Benfica não pode ser melhor que o nosso

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