sábado, 19 de agosto de 2006

A bola é redonda mas o dinheiro não tem formato (2)

O nosso clube não só não está imune a este novo paradigma da organização do futebol, como, em conjunto com a banca, lidera algumas movimentações que conduzem, na minha opinião, ao fim do futebol.

Esta direcção, o seu presidente, disse, em campanha eleitoral, que apesar de ainda ser cedo, não vê qualquer motivo para que o SCP detenha a maioria do capital da SAD. Há já indicadores, graves indicadores, que esse caminho já está a ser trilhado, administradores da SAD que são ADEPTOS DO BENFICA, é só a ponta desse iceberg.

Nós, os sócios, andamos todos contentes com os resultados da pré-temporada, com as más contratações de treinadores dos outros, mas a minha questão é outra. De que servirá ser de qualquer clube quando forem os fundos de investimento a determinar que clube ganha o quê? Quando as condenações de Itália passarão a medalhas por antevisão do futuro do “desporto”.

O dinheiro não tem formato, pelo que não pode ser o dinheiro sem rosto a comandar o futebol, porque o futebol é negócio enquanto os seus clientes sentirem que vale a pena investir na paixão.

Porque o caminho que se trilha é o de uma espécie de globetrotters do basquetebol – até podemos gostar de ver o espectáculo, mas só lá vamos de vez em quando...

Quem ganha com o caminho que as coisas levam?

3 comentários:

  1. É preciso que estas coisas sejam ditas. O futebol é cada vez mais absorvido pelas normas de um mundo cada vez mais mercantilista. A paixão tende a ser corrida a toque de caixa, ante a passividade e mesmo colaboração dos dirigentes. O nosso presidente ficou calado ante a miserável negociata feita entre a CGD e os lampiões. E era tão necessário denunciar!

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  2. Esta questão --o desaparecimento do futebol no labirinto da lógica mercantilista-- tem sido amplamente discutida nas páginas aqui do KL. Não adianta muito repetir estas ideias. O aparecimento do mau tempo já há muito que se divisa no horizonte. Só podemos esperar que isto piore. Lamento sinceramente dizê-lo. Não há Game Boxes que consigam escamotear esta questão!
    O problema nem sequer é de hoje. Já vem de muito longe. O nosso companheiro bloguista Leoscorp aponta os anos 60 como estando na origem dos problemas que sentimos hoje. Ele sabe. Fazia parte da Direcção da altura.
    Ora, nós não podemos assistir a tudo isto de braços cruzados. Temos de analisar o que se passa e desenhar soluções ou conceber alternativas.
    Só há dois caminhos.
    Aqui há tempos reproduzi um post do nosso colega Ofensiva 1906 sobre o Football Club Manchester. Um clube dissidente do Manchester, formado no rescaldo da sua compra pelo tal milionário americano. "Our Club, our Rules", reza assim o seu moto.
    A outra alternativa é...

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  3. A outra alternativa é, para já, fiscalizar os actos dos nossos dirigentes e denunciar as atitudes que vão no sentido de transformar o clube da nossa paixão numa mera e simples empresa cujo negócio é o futebol.
    Para tal é preciso que os adeptos tenham participação na vida do clube. Temos de exigir isto.
    Entretanto temos de ir elaborando as bases de um projecto e preparando as hostes; e tratando de arranjar uma figura de proa, que aceite ser rosto de um projecto deste tipo.

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