segunda-feira, 10 de abril de 2006

Eles andem aí

Este blog, que agora atingiu as 4.000 visitas (é obra!), tem, felizmente, leitores activos e que têm a amabilidade de comentar os nossos escritos, muitas vezes de modo criativo. É o que acontece com Alex, o qual analisa, a trajectória do historial recente do futebol do Sporting de uma maneira desapaixonada e inteligente, chegando à conclusão de que as vitórias mais recentes não corresponderam ao resultado de uma política com continuidade e que o que é normal é, como acontecerá mais uma vez este ano, não ganharmos nada. Na minha modesta opinião ele está cheio de razão.
É daqui que decorre a ligação entre a capacidade dos dirigentes e os resultados em campo. Porque tem de haver uma política de continuidade que, dentro de um nível economico-financeiro à nossa medida, saiba gerir o futebol de modo a haver estabilidade, disciplina, programação.
O que o Projecto Roquette nos prometia era precisamente isto, baseado numa estratégia de obtenção de receitas em sectores não desportivos (as quais seriam aplicadas no futebol e outras modalidades do clube) e de rentabilização da Academia de formação do clube. Não sou daqueles que acha que o projecto foi um completo flop. Foi-o, sem dúvida, quanto aos negócios extradesportivos, mas, graças a esse Projecto, temos um estádio moderno (que potencia receitas, se for bem gerido) e uma Academia que é, de longe, o melhor centro de formação do País.
Então porque é que continuamos a não ter vitórias? "Ora – dizem-nos os dirigentes que temos tido – é porque temos tido de vender os nossos melhores jogadores para equilibrar as contas". Ah, sim?! Então porque é que continuamos a acumular prejuízos à razão de 11 milhões de euros por ano? – pergunto eu.
Volto a citar, Alex: «Um clube da dimensão do Sporting não pode ser um "hobby" para os dirigentes, tem de ser uma paixão e uma ambição».
Escrevi neste blog que achava que Soares Franco não se iria candidatar, mas que apontaria um sucessor. Sei agora, de fonte segura, que FSF está agarrado ao poder e que, faltando à palavra dada (também, o que é que isso conta, nos tempos que correm...), vai mesmo candidatar-se. Até já tem o alibi do apoio de todos aqueles que têm vindo a ocupar cargos no clube durante os tais 10 anos de descalabro e má gestão (e mais outros que temem as outras candidaturas mais que esta) e que são quem conta no clube em termos de garantia de maiorias eleitorais.
Volto a citar as proféticas palavras dum colunista do Diário Económico: "Seja como for, há uma certeza: o Sporting pode ter um défice de tesouraria difícil de estancar e um passivo do tamanho do novo estádio, mas o apetite pelo controlo do clube mantém-se voraz. Falta dinheiro e faltam soluções, mas sobram candidatos, listas adversárias e ‘notáveis’ dispostos a vestir a camisola do clube."

De facto, o nosso clube é uma instituição que move muitos adeptos pagantes, mexe com muito dinheiro, e por isso "o apetite pelo controlo do clube mantém-se voraz".
Vamos, como eu previa, ter mais do mesmo, porque "eles andem aí".
E nós já não vamos conseguir que apareça uma candidatura alternativa que seja credível.

6 comentários:

  1. O juíz Abrantes Mendes é isso mesmo... juíz! Penso que é uma pessoa séria e tem tradição Sportinguista. Penso também que é um homem corajoso.
    Para já, e de uma forma muito realista, não vejo outras alternativas.
    Quanto ao Gonçalves e ao Cintra, gostaria de um dia ver o debate lançado aqui no KL sobre o que foi de facto a história destas presidências. De facto, não "de emoção"...
    Um debate baseado só em factos, não no diz-que-disse!

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  2. "Quanto ao Gonçalves e ao Cintra, gostaria de um dia ver o debate lançado aqui no KL sobre o que foi de facto a história destas presidências."

    É isso. Eu lembro-me muito pouco da presidência do Jorge Gonçalves porque na altura eu tinha 14/15 anos. O meu pai votou nele. Sei que acabou com penhoras e com a sua destituição em AG extraordinária. Não sei se o homem era um corrupto se apenas "ingénuo". O que é certo é que ele teve sempre uma enorme oposição no clube, que terá boicotado muito a sua presidência. Salvo erro, ele queria extinguir o Conselho Leonino e instituir um sócio-um voto, o que enfureceu de sobremaneira os sectores mais conservadores do clube...

    O Sousa Cintra também foi um populista, que não percebia nada de futebol. Mas deixou o clube com a grande equipa. A melhor em décadas, e se calhar melhor que a actual. O treinador é que não era grande coisa... E nunca houve aproveitamento do clube como com a "oligarquia" desde 1995.

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  3. Grande Alex...grande SPORTINGUISTAS, e não tenho problemas em escrevelo com letras grandes, muitos foram os nomes falados, e mais ainda foram os nomes mandados para o ar em apoio de alguem ou de alguma coisa.
    Por mim, gostava de um gestor duro de roer, e que defendesse os interesses da sociedade que paga o ordenado.
    Para mim continua a haver sem sombra de duvida um nome com esse perfil, ele não é perfeito, ele não é o messias. Ele é apenas um homem com trabalho feito em Alvalade e no meu entender, aquilo que o nosso clube mais precisa.
    Chama-se LUIS DUQUE.

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  4. De FSF temos a desconfiança de que não seja sério nas intenções (a maneira como conduziu – e continua a conduzir – o processo recente do Sporting dá para desconfiar) além de estar ligado às gestões de acumulação de prejuízos; mas tem a confiança da Banca, porque salvou a OPCA da falência (hoje é uma empresa próspera). Quanto a este voltarei certamente ao assunto.
    Quanto a Luís Duque sou completamente contra qualquer apoio a uma sua candidatura. Precede-o uma fama nada abonatória em relação a, digamos assim, meios usados para atingir os fins. Ele e o Freitas juntos seria um fartar vilanagem; além disso esteve também ligado à gestão Roquete quando, com contratações muito acima das possibilidades do clube (cujo impacto permaneceu durante anos), contribuiu para o descalabro financeiro do Sporting. E não tem a confiança dos bancos.
    Será um bom candidato para quem o que interessa é ganhar um campeonato qualquer que seja o preço, inclusivamente com contratações que não estão ao alcance da nossa bolsa e que depois se pagam com mais uma data de anos de jejum e venda de anéis. Mas nessa altura já os ratos abandonaram o navio, pois já ganharam, não só o “prestígio” bastante para voltarem noutra altura de crise, como uma maquia que lhes compôs a conta pessoal. Havia um político brasileiro que tinha como lema de campanha "eu roubo, mas eu faço"; numa altura em que o povo deste país vota nas personagens mais suspeitas de práticas ilegais não me espanta a vitória eleitoral de quem quer que seja. Mas depois não se queixem...
    Comparando com FSF, era sair da frigideira para cair no lume.
    Quanto a Sérgio Abrantes Mendes, a questão põe-se em moldes muito diversos; como refere Master Lizard “é uma pessoa séria e tem tradição Sportinguista”, esta aliás enorme se nos lembrarmos da figura do seu pai. Tem uma enorme nódoa no currículo, referida pelo comentário de Alex. O discurso dele coincide em largos aspectos com o que tem vindo a ser postado neste blog. Mas, pessoalmente não me inspira confiança em termos de capacidade de gestão, nem sei qual o seu prestígio perante a Banca. Mas como estes factores dependem bastante da qualidade dos outros elementos da equipa que escolher e esta não é conhecida... pago para ver (como se diz no poquer).

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  5. Avancem com a discussão sobre o período Gonçalves e sobretudo (pela importância que teve) Cintra.

    Falhas eram muitas, sim, mas existiam muitos outros pontos que davam uma confiança fantástica aos Leões, a tal ponto que era mais fácil defender o Clube então, sem títulos desportivos, que no presente.

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  6. "...mas tem a confiança da Banca, porque salvou a OPCA da falência (hoje é uma empresa próspera)."

    Olhe que não. A OPCA ém uma empresa praticamente falida. Tanto assim que teve que vender as suas instalações por imposição do seu maior credor, que é o BES. Por isso é que a OPCA se mudou para o Edifício Visconde de Alvalade. FSF é o gestor da empresa, nomeado pelo maior accionista, o Grupo Mello.

    É "irónico" que FSF queira agora vender o património do Sporting, tal como antes o fez na OPCA, e ainda tenha a lata de apresentar isso como um projecto. O que demonstra que é falso que tenha a confiança da banca. Um gestor que tenha a confiança da banca nunca é encostado à parede a ponto de ter de vender património, que na prática é já uma penhora dos bancos.

    Portanto, há que desmistificar de uma vez por todas que Soares Franco tenha alguma boa imagem junto da banca. Este não tem peso algum. Não é por acaso que as exigências da banca para com o Sporting endureceram substancialmente após a saída de Dias da Cunha. Esse sim é que tinha a confiança da banca, até porque entrou com avales pessoais para o Sporting contrair os empréstimos para a construção do seu património. Soares Franco não passa de um "pau mandado".

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