quarta-feira, 12 de abril de 2006

Aventureiros

Aqui há uns tempos escrevi um post aqui no KL sobre a aventura do Sporting. Como penso que esta coisa dos blogs é bastante efémera vou reproduzi-lo aqui (nos comentários) integralmente. O que disse na altura mantém-se perfeitamente válido. Mas muitos Sportinguistas já entraram naquele período de febre eleitoral que impede o bom senso de prevalecer.
Os culpados, como disse no tal post que agora reproduzo são os mesmos, venham de bigodes e camisa desabotoada ou de gravata Hermès e Porsche.
O meu objectivo é lançar a discussão sobre o período pré-Roquette para que todos possamos situar a discussão acerca do futuro do Sporting em terrenos que todos entendamos. Não há nada mais pernicioso que a mistificação. E há mitos em volta das direcções que antecederam o período Roquette e mitos sobre este período que precisam de ser clarificados.
Quem foi e quem é João Rocha? Quem foi e quem é Jorge Gonçalves? Porque chegou à presidência do Clube? Porque saiu? Quem foi e quem é Sousa Cintra? Porque chegou à presidência do Sporting e porque saiu? Quem foi e quem é Roquette? Como chegou ele à presidência do Sporting? O que queria cada um destes personagens? Quem são e o que querem estes personagens que se acolitaram e acolitam por trás do Projecto Roquette? O que significou a entrada em funções de cada um destes indivíduos? Contra quem e a favor de quem e o quê concorreu cada um deles. Porque foram eleitos e porque foram arredados do poder?
Cada um de nós pensará que sabe tudo sobre cada uma destas figuras. Mas, saberá mesmo? Não estarão os Sportinguistas a fazer neste preciso momento exactamente o que fazem desde há duas décadas? Ou seja, a embarcar mais uma vez num canto de sereia para daqui a 2, 5, 10 anos virem fazer mais um levantamento de rancho, acenar com mais uns lencinhos, dirigir uns palavrões ao presidente e à direcção, dizer que o Sporting são eles e embarcarem de novo em mais um canto de sereia qualquer?
É preciso contudo que se saiba e se diga que o Clube não vai aguentar mais um período de rebaldaria como aquele a que vimos assistindo desde há 30 anos. A capacidade de recuo é cada vez mais limitada. O Sporting, a ser sujeito a mais uns anos sem política (sim, porque é disso que se trata: não há projectos!!!! Há bocas e interesses escondidos!) que o recoloque nos carris e sem uma profunda restruturação vai desaparecer. E a teoria do "mal menor" transforma-se inexoravelmente na da "via de extinção".
Digam pois o que sabem sobre a galeria de Presidentes do Sporting destes últimos 30 anos para ver se a gente percebe porque é que no Sporting se anda sempre a fazer como o cãozinho à volta para apanhar a cauda...

5 comentários:

  1. Muito se fala hoje do perigo de aventureirismos no Sporting. Candidatos putativos queixam-se do perigo de "aventureiros" poderem tomar conta da direcção. Apoiantes de candidatos putativos acenam o espectro de um "aventureiro" poder tomar conta do Sporting para justificar o seu apoio aos ditos candidatos putativos. Figuras da "reserva" do clube falam da sua disponibilidade para avançar com uma candidatura se algum "aventureiro" se aventurar a candidatar-se...
    Ora, o Sporting vive uma das suas piores aventuras e está neste momento num estado que se poderia classificar de pré-calamidade. Em risco de perder aneis e dedos. O desaparecimento do clube, ou pelo menos a sua transformação num clube de bairro é uma possibilidade claramente real.
    Os dirigentes que nesta última década tomaram conta dos destinos do Sporting criaram todos estes problemas e, ou fugiram, ou manobram por controlo remoto não dando a cara, mas surgindo consequentemente desresponsabilizandos pela borrada que fizeram.
    Sejamos claros: nenhum problema de fundo do SCP foi resolvido ao longo desta década. Todos os tiques, faunas chupistas, falhas organizativas, fragilidades institucionais e fracassos desportivos se mantêm. Acumulam-se ou agravam-se problemas que julgávamos definitivamente erradicados. Que quem quer que seja que venha a estar à sua frente vai ter enorme dificuldade em resolver.
    Mais grave: de um projecto canhestramente concebido e pior executado resultou uma notória falta de unidade no clube. Hoje pode-se falar de "Sportings" mas o Sporting Clube de Portugal, esse está distante. Não há uma ideia mobilizadora, um grande desígnio, um rumo claro em torno dos quais todos os Sportinguistas se possam juntar de forma inequívoca.
    Sem surpresas, portanto, o clima que se vive neste momento no nosso clube é, claramente, de descontentamento, desmotivação e desconsolo. Prevalece uma sensação de impotência, uma apreensão pelo futuro, um desencanto profundo por tudo o que se passa, tanto no plano da gestão, como no plano desportivo. Os meandros do clube são uma incógnita.
    A desconfiança perante o mistério insondável que é o Sporting hoje, é generalizada. Está instalada uma atmosfera negativa e malsã.
    Quem são, portanto, os aventureiros?!!!
    Que significado terá então a palavra "aventureirismo" no dicionário desses auto-designados "notáveis" que se vêm pronunciando nestes últimos tempos, sucessivamente, com intrigante insistência?
    A palavra "aventureirismo" só tem um significado, venha ela de bigodes ou de gravata...

    ResponderEliminar
  2. "A palavra "aventureirismo" só tem um significado, venha ela de bigodes ou de gravata..."

    Nem mais. Só que os aventureiros de gravata têm sempre boa imprensa, até se bater no fundo. E o Sporting ainda não bateu no fundo...

    O nosso país tem muito de provinciano. Qualquer indivíduo com "Dr." atrás do nome, bom aspecto e fama de rico (mesmo que seja só fama, porque a maior parte da elite só tem mesmo a fama ...) tem logo outro tratamento. Passa-se exactamente isso no Sporting. A benevolência que as direcções do "projecto" Roquette têm tido por parte dos sócios e da comunicação social, não tem paralelo na história do clube, e não se justifica de todo. Ao contrário de Jorge Gonçalves e Sousa Cintra (dos anteriores presidentes não me lembro) que tiveram sempre uma enorme oposição por parte dos “notáveis” do clube, a Roquette, e seus sucessores, foi estendida uma passadeira vermelha. Falharam por culpa própria, porque os sócios deram-lhes TODAS as condições para fazerem o que quisessem. Consentiram até de mais, na minha opinião.

    Voltando atrás. Eu acho que o Sporting ainda não bateu no fundo porque o clube vai sair profundamente dividido e fragilizado destas eleições. Tudo indica que FSF vai ganhar, até porque Abrantes Mendes não é suficientemente conhecido pelos sócios, e não consegue ter a exposição mediática de FSF. Além do mais, parece que não tem apoios suficientes, nem peso para dar a volta ao clube, por muito sério que possa ser. Pode ser que os debates ajudem a mudar este cenário, se os houver, mas dúvido.

    FSF está a apostar numa campanha demagógica e divisionista, apelidando os sócios que, legitimamente, não o apoiam, de “minoria de bloqueio”. Nunca antes no Sporting se tentou pôr sócios contra sócios. Isto é recorrer à política de “terra queimada” para se manter no poder. Quem sairá queimado será o Sporting. Nesta altura de CRISE, o Sporting precisa de TODOS os sportinguistas. É por isso que FSF não serve para presidente. Quem vira os sócios uns contra os outros para se manter no poder não serve o Sporting. Voltamos ao mesmo quando Dias da Cunha faltava ao respeito aos sócios que o criticavam, e com razão, criando um divórcio entre a liderança do clube e as bases. Que os candidatos se “degladiem” é normal, até porque a oposição tem a obrigação de dizer que o “Rei vai nu”. Mas estes jamais poderão dividir os sportinguistas em bons e maus, consoante votem neles ou não.

    Não tenho dúvidas que o Sporting atravessa a pior crise da sua história. As dívidas são astronómicas e os maiores credores são os bancos: as entidades com maior poder no nosso país. Maior até que o poder político. Daí que, mesmo que haja muitos sportinguistas bem intencionados, pura e simplesmente não têm poder para recuperar o clube. Nunca o Sporting esteve tão necessitado de um “mecenas” como agora, tal a situação de penúria. Mas ele não aparecerá.

    O “legado” do projecto “Roquette” será um clube de futebol perdedor crónico, sem património, sem mística, sem sócios, e com cada vez menos adeptos. Porque as pessoas mais inconformadas, como eu, vão-se afastando, por cansaço e por já não se identificarem com um Sporting Clube de Portugal cada vez mais elitista, fechado, subalternizado, e passivo face às derrotas e adversidades.

    Eu dou por mim a ter saudades dos tempos do Sousa Cintra. Logo eu que tanto o critiquei. Mas, nessa altura, havia uma alegria, uma mística entre os adeptos e o clube, que enchia o velho estádio, mesmo quando não ganhávamos nada. Havia uma esperança no futuro, mesmo com um jejum de muitos anos, que hoje se perdeu. Oxalá o meu pessimismo venha a ser contrariado. Era o que eu mais queria...

    ResponderEliminar
  3. Oh Alex, sem outro motivo que apenas a curiosidade, tu não escreves em mais nenhum lado?

    É que se não o fazes, estamos todos a perder uma contribuição muito lúcida, que neste momento e no futuro fazem falta ao Clube.

    ResponderEliminar
  4. O SOares Franco é empregado do BES.
    Sabiam?
    O Bes é dono da OPCA.
    Acordem.
    O Sporting é dos sócios ou é dos bancos?
    Votar Abrantes Mendes é devolver o Sporting aos sócios.

    ResponderEliminar
  5. Rui, sim também escrevo comentários noutros blogues. Blogues de sportinguistas, como este, mas também blogues sobre futebol sem "afiliação" a algum clube, ou até política. É conforme o meu tempo e conforme o assunto em discussão.

    ResponderEliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.