quinta-feira, 3 de maio de 2007

O clube cá do meu bairro

A questão que coloquei no post anterior gerou uma interessante troca de comentários. Pelo que percebo, por estes comentários e pelas opiniões que tenho ouvido e lido por aí, o assunto atormenta hoje muitos Sportinguistas. Ficou do último jogo a ideia de que deu aos responsáveis do Clube um ataque de "realismo". Acredito cada vez mais nessa hipótese. Garantimos os mínimos e ficámos contentes com isso. Sente-se no discurso dos jogadores, do treinador (PB tem de nos explicar porque considera infundadas as críticas à actuação do Sporting, não basta achar que somos injustos...) e, sobretudo, viu-se em campo.
Alguns, é certo, apoiam convictamente a legitimadade da opção realista. Trata-se da aplicação do velho rifão "mais vale um pássaro na mão."
A lógica subjacente a esta posição é simples: assegurada a presença directa na Champions League teremos direito ipso facto
àquele tal euro-rendimento mínimo garantido que tanta falta faz. E mais algum poderá até vir por arrasto.
Está também garantida (e este facto não é despiciendo) uma grande cobertura mediática e, ainda mais uma vez, ipso facto, uma maior exposição e consequente valorização dos jovens talentos "exportáveis" da escola do Sporting.
Parece bom. Na minha opinião não é.
Está na altura de perguntar aos Sportinguistas, que Sporting é este e que Sporting querem.
A "cultura do segundo lugar" não passa de uma versão, mais perfumada, da "cultura da manutenção".
Quando em 94 fomos confrontados com os projectos de mudança propostos pela nova direcção disseram-nos que o objectivo a alcançar era o de um Sporting campeão, com presença habitual nas grandes competições europeias. Ninguém na altura teve coragem para propôr um Sporting a lutar para ser campeão dos segundos, nem um Sporting freguês ocasional da gamela da UEFA para camuflar os desmandos de gestão. Hoje estamos reduzidos a isto: a ambição do Sporting fica-se por ser segundo e poder garantir, conjunturalmente, mais uns cobres. Mas, o presidente quer um Ferguson...
Reformas estruturais, viste-as! Blindagem contra a bola na barra foi chão que deu uva. Mas, o presidente quer um Ferguson...
Temo que com o desgaste se instale neste Sporting, em defintivo, esta cultura de 2a divisão. Que, francamente, me parece mais um objectivo da agremiação cá do meu bairro do que o de um clube que se diz e se quer grande.
Sabemos que não se pode estar sempre no topo, que os tempos são difíceis e que partimos desfalcados. Mas, este "realismo" não passa, na minha opinião, de autismo e radica na via que esta linhagem de dirigentes escolheu de promoção do divórcio entre o Clube e os seus sócios.
Lanço, aliás, um repto à actual direcção: perguntem aos sócios, olhos nos olhos, se eles se contentam com um Sporting de segunda, preparado e a aguentar-se apenas para os mínimos!
A mim, se me perguntassem se queria um Sporting a lutar de cabeça erguida sempre por um lugar de topo, ou contentinho com o segundo lugar eu não hesitaria na resposta. E vocês?

2 comentários:

  1. Master Lizard, eu não votei nos actuais dirigentes, por isso estou à vontade para falar. É evidente que não me agrada o segundo lugar. Se daqui a um ou dois anos, continuarmos a não ir além do segundo lugar (ou pior...), a minha "paciência" esgota-se. Quero ver o Sporting a progredir. Num campeonato em que só há três candidatos ao título, e em que a qualidade da competição está cada vez pior, não é nenhum bicho de sete cabeças vencê-lo. Com a redução das equipas da 1ª Divisão para 16, ainda diminuiu mais a "competitividade". Logo, não se pode depender de terceiros como este ano, porque se algum clube embala na frente, dificilmente é apanhado, porque há muito poucas equipas com capacidade para bater o pé aos grandes. Resumindo, eu espero ver o Sporting a progredir e a começar a ganhar títulos. Se tal não acontecer até ao fim do actual mandato de FSF, os sócios deverão tirar as devidas ilações e deverão surgir alternativas. Espero eu...

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  2. Pois, a questão das alternativas é séria...
    Existirão? Estaremos condenados a ter de aguentar com esta linha, como um viciado em coca...?
    O que poderá mobilizar os sócios para uma alternativa? Que programa, que pessoas, que desígnios poderão sensibilizar os Sportinguistas? Que força tem o voto nesta direcção? Que força tem afinal a escolha por esta direcção quando à mais pequena onda se cria uma enorme vaga de contestação? Foi convicta a decisão dos Sportinguistas que neles votaram? Ou foi uma escolha pelo mal menor? E há mais perguntas, claro...

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