quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Os jotas também levam ponto...

Raul:
Acabámos de inventar uma nova forma de "blogar" chamada o postentário! Comenta-se... postando. Se fosse só por isso já podíamos dizer que a discussão tinha começado a dar frutos.
Lamento, mas não parece que o sentido do meu post tenha sido entendido.
Admiro a tua posição generosa e a tua inquebrantável fé, mas receio que nada disto traga soluções para o problema real com que nos deparamos.
O futebol, desporto de que gostamos ambos, está minado. No plano internacional tremo ao saber como as coisas estão a evoluir. No plano nacional a situação é a que todos conhecemos. No plano particular do Sporting, até fico arrepiado quando penso no estado a que chegámos.
Neste contexto, percebo que os estádios se esvaziem e que os clubes lutem com tremendas dificuldades. E percebo que não dê grande vontade a muita gente para andar por aí a ovacionar o seu clube. O Sporting não está fora desta carroça. Esta é a realidade, infelizmente, por muita vontade que tenhas em manifestar o teu apoio ao Clube. A realidade é esta, repito. Tudo o resto é voluntarismo.
Mas, nunca deves ter lido uma única linha escrita por mim em que eu advogue políticas de "terra queimada" ou vaias a quem quer que seja. Aliás, se consultares o arquivo do KL lerás que tenho sempre defendido exactamente o contrário. Muitas vezes me insurgi contra esse tipo de comportamento que não faz bem o meu estilo...
As posições que defendo têm uma outra matriz.
Por um lado, por muito que pugnemos por uma postura diferente, os adeptos não estão, na generalidade, muito dispostos a ter tanta paciência. Hoje compreendo melhor os adeptos que vão perdendo a paciência e não me surpreende de todo que haja cada vez mais gente divorciada da equipa, do Clube e do futebol em geral. Tudo isto é demasiadamente mau para merecer a nossa incondicional generosidade.
Num outro plano, o dos responsáveis, tenho reagido aqui nas páginas do KL da forma que conheces porque sou extremamente sensível a questões de índole institucional. O Sporting não é um grupo ad-hoc, de amigalhaços que se juntam de vez em quando para beber umas "bejecas" e falar da bola. O Sporting é uma instituição. Com um enorme peso e enormes responsabilidades. Os membros desta instituição refletem-na e são a sua cara para o exterior. A mim tanto se me dá que o Peseiro diga o que quiser, agora. Quando era treinador do Sporting a música era outra. Mas, nessa altura, é justo dizê-lo, só lhe conheci um tipo de comportamento: uma enorme contenção e um grande sentido de respeito e lealdade para com a instituição que representava. Agora, fora da instituição e uma vez que ainda vivemos num país livre (tanto quanto sei...), nada nem ninguém o pode impedir de exprimir as suas opiniões. Como sócio do Sporting e como observador atento destas coisas leio o que ele diz, faço o meu juízo, mas, repito, tanto se me dá que ele fale, como que esteja calado.
Qualquer dirigente ou funcionário do Sporting, em funções ou com deveres de representação, tem a obrigação de respeitar o teu e nosso sacrossanto Clube. Está a falar por mim e por ti. E eu só lhe passo procuração para duas coisas: cumprir o seu dever e dignificar o nome do Sporting! De resto não passo procuração para mais nada.
Quando PB diz que há-de contar coisas que também ele sabe, ficamos a sismar. Se as suas declarações são justificadas, como representante de uma instituição como o Sporting, tem o dever, para bem do Clube, de divulgar o que sabe. Se são injustificadas, não pode, ainda enquanto representante da instituição, vir dizer que sabe o que não sabe, levantar as suspeitas e sair impune. Que estatuto tem PB dentro do Sporting para causar esta perturbação? Por isso digo que ele já está a mais e por isso disse que era "treinador de regime". Sentir-se-á com as costas quentes para proferir estas afirmaçãos. Não é Peseiro que está em causa.
A direcção do Sporting deveria ter levantado um inquérito disciplinar. Não defendo "vaias" mas sim uma postura institucionalmente correcta e de acordo com as regras.
Finalmente, eu não consigo como tu pareces conseguir, separar as componentes do Clube, "ilibando" uns e "premiando" outros. Os propósitos do Clube são simples e constam dos Estatutos. Tudo pode contribuir, e tudo contribui de facto, para honrar esses propósitos. Não há actos isolados e inconsequentes. O Sporting é um todo e TODOS são responsáveis, se bem que estas responsabilidades tenham, naturalmente, de ser graduadas. Se não acreditasse nisto e nos propósitos do Clube não faria parte dele. Ponto, parágrafo.
Como não é possível separar as águas, não posso esquecer, para começar, quem está no topo da pirâmide das responsabilidades. E discordo totalmente, totalmente!, dessa dicotomia que traças entre a responsabilidade de gestão e a desportiva. Não há uma sem a outra. Isso quereria dizer que há dois propósitos no Sporting. E não há, só há um!
Não há inocentes e culpados neste descalabro que é o Sporting 2007. Só há culpados. Por acção, por omissão e também por exaustão (também os há e também os acuso!)
Peço-te que leias com cuidado o que tenho escrito.
Com um abraço...

2 comentários:

  1. Já depois de ter escrito este post, soube que a assistência ao jogo de ontem em Alvalade foi a pior de sempre.
    Como vamos fazer? Vamos apontar uma pistola a cada sócio e adepto e obrigá-lo a vir assistir aos jogos? E porque terão esses sócios e adeptos voltado as costas ao seu Clube desta forma?
    Estarão todos enganados?

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  2. Eu não fiz afirmações quanto às tuas convicções, apenas perguntas. Às quais não deste resposta. Que ue gostava que desses, porque acho que é importante saber qual a prática (concreta, por actos do dia-a-dia) que preconizamos como correcta para os associados. Porque uma leitura possível dos teus anteriores posts é aquela a que me manifesto contrário por a considerar desmobilizadora.
    E se a fase que atravessamos é desmobilizadora! Como aliás dizes no teu comentário a propósito da pior assistência de sempre em Alvalade. E penso que a minha missão enquanto colunista do KL (à minha modestíssima dimensão, fazedor de opinião) é motivar os meus co-associados para o que se passa no clube. Não se trata, pois, de voluntarismo. Quanto a mim, pensar que os adeptos podem ser motivados para a 'política' interna do clube quando estão desmotivados para acompanhar a equipa (esta sendo o leitmotiv de tudo), isto sim, é voluntarismo.
    Quanto a responder aos teus posts com outros posts, é para dar mais visibilidade a uma discussão que acho importante. Afinal, como diz o nosso povo, da discussão é que nasce a luz. E estas coisas é que dão sal à vida!

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