sábado, 31 de março de 2007

A questão da formação

No mundo cada vez mais global em que vivemos, hoje em dia os jovens estudam e fazem vida onde acham que as suas qualidades melhor podem ser valorizadas. Tenho uma filha que, face à medíocre qualidade do ensino de que desfrutava em Lisboa resolveu ir para Londres, onde presentemente trabalha e estuda, estando plenamente integrada. E tem de fazer os estudos na língua local.
Por outro lado, é sabido que o Sporting não pode governar-se só com a formação interna e tem de fazer anualmente contratações. O grande problema tem sido a qualidade dessas contratações e a desconfiança que temos de que haja negócios escuros (em que são servidos interesses que não os do Sporting) por detrás.
Não vejo, pois, qual é o problema de se recorrer a "mercados" externos para nos abastecermos de jogadores promissores, aos quais podemos, desde mais cedo, moldar enquanto futebolistas, à medida dos interesses e modelo de jogo do Sporting.
Agora o que se tem é de obedecer a, pelo menos, dois tipos de preocupações:
- aos jovens jogadores estrangeiros deverá ser exigida, à semelhança do que acontece (e muito bem) com os nacionais, a frequência escolar; até por motivos do próprio tipo de formação que o Sporting apregoa, e com a finalidade de uma correcta integração, não pode haver excepções quanto a isto;
- os negócios têm de se submeter aos critérios de seriedade (sem luvas por fora, a todos os intervenientes) e de plafonds preestabelecidos, sem excepções.
Isto é uma parte da questão.

A outra parte tem a ver com a saída para outros clubes dos jovens futebolistas formados na nossa Academia.
Temos a promessa de que as coisas agora vão ser diferentes do passado e não mais haverá aquelas vendas ao desbarato que depois se traduzem num monte de presenças na selecção de jogadores formados na nossa Academia, mas em que muitos são primeiras figuras de clubes nossos rivais.
Quanto a este assunto tenho andado na disposição de dar um tempo de graça aos nossos dirigentes, mas isto começa mal. Então não é que Miguel Garcia sai a custo zero?!

É para isto que andamos a formar jogadores?

3 comentários:

  1. "Então não é que Miguel Garcia sai a custo zero?!"

    Pois, eu compreendo. Mas o jogador chegou ao fim do contrato, o Sporting não tem interesse em renovar, e não apareceu nenhum clube a querer comprar, o que fazer? Só se se arranjasse uma cunha com um empresário para colocar o jogador em algum clube. Mas depois o Sporting também tinha de dar algo em troca, tal como aceitar um jogador desse empresário que ninguém queria. Isso já aconteceu mais do que uma vez...

    Há jogadores no plantel do Sporting, que eu costumo chamar "cepos", ou "palha", que não têm qualidade. Não a têm para nós, nem para outros. Só dão despesa, mais nada. Nem todos os miúdos que saem de Alcochete vêem a ser bons jogadores, a maioria não o serão, nem era expectável, porque nenhum clube de topo consegue ser "autosuficiente" com a formação. Oxalá a "limpeza" não se fique por aqui e que não se repitam asneiras (isto sou eu a sonhar...).

    ResponderEliminar
  2. Caro Raul,
    Quanto ao post anterior, bem visto. mas é só mais um caso de incompetência (ou pior?) de gestores muito ciosos do seu profissionalismo. A transparência e rigor que a SAD supostamente traria gerou ainda mais sombras e suspeitas...
    Sobre a formação: segundo o Record, a poucos meses do Europeu, estão a negociar o Varela com a Reggina; que ele não tenha futebol para grandes vôos, aceito; mas a poucos meses de um simples golo poder fazer com que ele valha o dobro... diz bem do que é a formação e a sua gestão.
    Mantenho a minha: contatar juniores africanos e sul-americanos em barda pode ser pensar a médioo-prazo, mas só teremos isso se o curto prazo for melhor gerido: reforços experientes, uns em fim de carreira (Pauleta, Abel Xavier, F. Couto, Costinha, Vidigal), outros ainda com futuro (Delfim, Moreira, mesmo Hugo Viana ou Maniche por empréstimo) para enquadrar os miúdos a lançar.
    mas também isto só vale a pena se não se desperdiçar os jogadores em posições absurdas, como Custódio a trinco (capitão no banco...).

    ResponderEliminar
  3. Em relação à venda de Miguel Garcia, também eu concordo que chegados a este ponto é difícil rentabilizar o investimento que se fez na sua formação. O que preconizo é que não se deixem chegar as coisas a este ponto. Investir-se na formação dum jogador durante anos para depois nada se ganhar com a sua transferência só pode ser má gestão. Nisto estou de acordo com o que Cleone opina acerca de Varela.
    Quanto à contratação dos juniores estrangeiros defini o que penso no post que escrevi: se bem integrados e se não houver disparidades chocantes de salários, tanto faz serem da Argentina como de Viseu.
    Quanto a quem pode ou não “enquadrar” os jovens, já escrevi várias vezes que não acredito em contratações de fim de carreira, tipo Paredes, Derlei – pouca motivação – ou mesmo Rui Costa – pouca capacidade física (Acosta foi uma excepção), nem em regressos (tipo Rochembach). Prefiro apostas do tipo Bueno: sul-americano que não tendo dado certo num clube europeu por deficiente integração, mas tendo potencial (o que no caso já nem duvidoso é: não tem mesmo) possa vir a encontrar o seu habitat no nosso clube. Hesito quanto às soluções tipo Delfim, Hugo Viana ou Maniche, por ter em conta a sua ligação afectiva ao Sporting e porque, provavelmente, o seu não sucesso se deveu à tal deficiente adaptação.
    Dum modo geral o que preferia, mas isso todos nós, era que houvesse uma política de contratações e não uma obediência a motivações exteriores ao Sporting.
    Espero voltar ao assunto.

    ResponderEliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.