quinta-feira, 31 de maio de 2007

O salto mortal

A conversa do presidente da SAD do Sporting relativamente à formação e à saída dos talentos criados na Academia é de ir às lágrimas! Não sei se alguma vez repararam bem no estilo.
Será falta de jeito, será descaramento, será aquela tendência irreprimível desta casta que foi caldeada na política para tornar tudo obscuro, será o estilo esperado de um business man encartado. Seja o que for o resultado é sempre o mesmo: conversa soporífera para ir escondendo o óbvio até onde é possível, uma nota solta aqui e ali para baralhar, e, finalmente, o salto mortal (a imagem até vem a propósito...) que vem coroar todo este processo que conduz, exactamente, ao contrário daquilo que foi sendo dito durante uma data de tempo. Vão ver se não vai ser assim. Digo "vão ver" porque a esta hora ainda nos falta assistir ao salto mortal, i.e., à justificação que o senhor presidente nos virá dar sobre a saída do Nani. Mas estamos todos mortos por o ver...
Neste caso das transferências dos jovens oriundos da Academia, sabendo-se que elas estão já claramente decididas, vamos ouvindo sucessivamente juras de amor e declarações peremptórias (daquelas que o adepto gosta de ouvir, enquanto é ainda materialmente e tecnicamente impossível concretizar essas transferências) sobre a permanência desses talentos, depois vamos assisitindo à conversa sobre as renovações dos contratos (assina, não assina, está quase!, é para a semana...), depois vem o momento do paleio sobre as clásulas de rescisão (se os clubes interessados pagarem, não podemos fazer nada...) e, finalmente, lá vem o anúncio da evidência: o atleta à volta do qual foram sendo tecidos todos estes falsos cenários foi vendido ao clube x ou y.
Admito a inevitabilidade e a necessidade de contenção no caso deste tipo de negócios, mas não admito que me tratem como atrasado mental e, sobretudo, que os interesses financeiros e desportivos do Sporting sejam postos em causa.
No caso do Nani a questão parece clara: o Sporting não sai beneficiado, mais uma vez, de todo este processo. Há muito que o jogador jogava quando lhe apetecia e há muito que se percebia que a sua energia estava canalizada para outras latitudes. Por outro lado, um valor de transferência como este teria sido, seguramente, atingido com menos esforço e menos danos desportivos para o Clube se os métodos usados fossem mais transparentes e os interesses do Sporting fossem melhor e mais habilmente preservados. Se tivéssemos, enfim, outro estilo de gestão no Sporting.
Os Sportinguistas não podem estar orgulhosos deste negócio. Querem saber porquê? Comparem com a outra compra do Manchester... Como dizia um grande pensador da economia portuguesa "É só fazer as contas!"
É mais um jovem talento formado na Academia que, na minha opinião, nos causa mais um significativo prejuízo e parte antes do tempo, de forma frustrante e ineficaz. Mais um. Desejo-lhe tudo do melhor.

5 comentários:

  1. Master Lizard, com jogadores que têm falhas de carácter, o Sporting só pode esperar ganhar dinheiro com eles. O Nani é um jogador com carácter duvidoso, no mínimo. Não me esqueço que este disse que gostava de jogar no Inter, imediatamente após a derrota do Sporting em Milão para Liga dos Campeões! O que se pode dizer de um indivíduo com a uma sensibilidade de "cavalo"? Venham os cinco milhões de contos e boa viagem! Alguma vez eu me vou estar a lamentar por causa de um sujeito destes? Jogadores contrariados e com ares de "vedeta" não interessam ao Sporting. O caso Nani arriscava-se a tornar-se novela. Agora que temos um grupo coeso, não precisávamos de outro caso tipo Jardel. Por isso, aqui não estou contra a direcção, até porque a cláusula de rescisão foi accionada, e até superada, por causa da concorrência do Tottenham. Só espero que o dinheiro seja bem aplicado. Vou estar alerta.

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  2. Eu concordo inteiramente com estas considerações sobre o carácter do Nani (que diferença para o Moutinho, caramba!!) e não creio que ele fosse boa influência sobre o grupo de trabalho. E estou certo que nestes casos toda esta gestão deve ser extremamente difícil. Mas, ser difícil não quer dizer que tenha de ser mal feita. Alguém errou então quando o meteu na Academia...
    A questão central é esta: o Nani é ou não é um grande jogador de futebol? Se é um grande jogador de futebol, se nele foram feitos investimentos brutais e se tudo isto aponta para a possibilidade de uma enorme valorização porque é que ele custa ao Manchester menos que o Anderson, um jogador que veio de fora, cuja formação não custou um chavo ao Porto?
    Por outro lado temos, como digo no post, um estilo de tratamento destas coisas por parte dos dirigentes que talvez fomente também este tipo de comportamentos menos respeitosos da parte dos jogadores.
    Alguém meteu água...
    Lionheart: temos de conversar

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  3. Ao contrário de Master, não me parece que o negócio da venda de Nani seja nada mau. Desde logo pelas razões expendidas por lionheart sobre a personalidade do miúdo; o Nani é um daqueles "activos" que se consideram "de risco", porque a aposta nele pode não dar certo. Qual era a alternativa? Manter o rapaz subindo-lhe substancialmente o ordenado; ele quereria qualquer coisa como 100.000 por mês, porque está convencido de que é melhor que o Liedson. Então agora, sabendo do interesse do Manchester, ficaria intranquilo, desvalorizaria e sairia a custo zero no fim da próxima época. Ainda por cima ele é, quanto a mim, dos jovens talentos o que menos falta faz, em termos de estrutura da equipa. Quanto à comparação com Anderson é preciso notar que o Porto não só não vai receber 6 dos 30 milhões (percentagem do passe que não lhe pertencia) como Master se esquece de que o puto não veio de borla para o Porto: custou muito mais dinheiro que o que custou toda a formação de Nani.
    Conseguir-se vender o passe do jogador Nani por mais 5,5 milhões que o montante da cláusula de rescisão é muito bom negócio! Neste caso, os dirigentes do Sporting não saem nada mal na fotografia, pois podem dizer que contra a cobertura das cláusulas de rescisão não há argumentos: venderam porque não tinham outro remédio (como eu, ou Master, ou qualquer outra pessoa não teria, nas mesmas circunstâncias). Ainda por cima foi tudo feito às claras, com montante da transferência escarrapachado em comunicado e tudo! Não se trata, pois, de mais um que "nos causa mais um significativo prejuízo e parte antes do tempo, de forma frustrante e ineficaz"; este deu-nos um enorme lucro, parte na hora H, e só se frustrar quem o comprou (tipo Dani, que era só gajas e copos) e, por isso, o MU vier a ter de vendê-lo ao desbarato, poderá vir parar a um dos rivais. Se ele triunfar não há em Portugal quem tenha dinheiro para ele; se não triunfar, quero lá saber que ele vá parar ao Benfica (como foi o citado Dani, com os resultados que se viram).

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  4. As explicações sobre as objecções que o Raul coloca estão no meu comentário anterior. Numa perspectiva que não seja meramente conjuntural, reitero tudo o que disse e reafirmo: o negócio do Nani não foi bom!
    Quanto à questão do Anderson, é verdade que ele custou dinheiro ao Porto. Mas, será preciso fazer as contas todas bem feitas e até ao fim para perceber quantos milhões rendeu no final, mesmo!, o Nani.
    Quem sai seguramente a lucrar de tudo isto é o Real Massamá...

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  5. Um comentário tardio ainda sobre este "negócio". Os custos da Academia são elevados. fazer as contas do negócio Nani, entrando apenas com os custos directos que esta operação envolve é um erro monumental. O valor do negócio Nani é importante e interessante, não há dúvida, mas é muito menor do que parece quando se ouve falar em tantos milhões...
    Os custos da Academia também têm de ser controlados e tidos em conta quando se fala destas coisas. Senão os "grandes negócios" que são anunciados não passarão nunca de poeira para os olhos.

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